Tuberculose renal
Introdução
A Tuberculose Renal é causada pela invasão do sistema urinario pelo bacilo da tuberculose. Essa invasão ocorre sempre através do sangue, e em grande número de casos, os micróbios originam-se de um foco tuberculoso pulmonar.
Outras vezes, o foco inicial está localizado no intestino, nas amígdalas ou até mesmo na pele. No aparelho urinário, a localização mais freqüente da tuberculose é no rim.
A maior parte dos casos de tuberculose dos ureteres (conduto que ligam os rins à bexiga) e da bexiga resulta da propagação de lesões iniciais localizadas no rim.
Freqüentemente, a tuberculose renal evolui insidiosamente, sem apresentar qualquer sintoma característico.
Isso ocorre quando a lesão tuberculosa localiza-se no interior do tecido renal. No entanto, quando a lesão atinge os cálices renais (pequenas estruturas com forma de taça que recolhem a urina no interior dos rins) ou as vias urinárias, verifica-se a eliminação de sangue na urina (hematúria); esse aliás, pode ser o único sintoma.
A quantidade de sangue perdido é variáve, a urina pode tornar-se intensamente avermelhada ou apresentar somente pequena quantidade de glóbulos vermelhos.
Neste último caso, a eliminação de sangue na urina é evidenciada através do exame microscópico do sedimento urinário, realizado rotineiramente no exame comum de urina.
Quando a eliminação de sangue não é possível a olho nu, denomina-se hematúria microscópica. Por outro lado, um foco tuberculoso renal pode permanecer estacionário durante anos, passando totalmente despercebido.
Incidência
A Tuberculose Renal é a terceira forma mais freqüente da doença extrapulmonar.
Tem uma incidência maior em indivíduos com mais de 45 anos de idade.
Agente etiológico
O agente etiológico da Tuberculose renal é o mesmo da Tuberculose pulmonar: Bactéria Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch.
Fisiopatologia
O bacilo alcança o sistema urinário através de disseminação linfo-hematogênica, implantando-se no córtex renal, onde se multiplica.
O processo patológico avança pelas pirâmides até atingir o sistema coletor, com conseqüente comprometimento de cálices, pelves, ureteres e bexiga.
O comprometimento é bilateral, mas quase sempre assimétrico, exceto nas fases avançadas da doença.
Período de latência
A Tuberculose renal dentre os diversos tipos de tuberculose, e a que apresenta o maior tempo de latência. O tempo entre a primoinfecção e as manifestações clinicas podem chegar ate 20 anos.
Formas clínicas
O bacilo de Koch, ao invadir o rim, provoca lesões semelhantes às encontradas nos pulmões e outros pontos do organismo.
A lesão mais grave é a caverna tuberculosa, que determina a destruição de importantes porções dos rins. As formas clínicas da Tuberculose renal podem ser classificadas em:
Tuberculose renal miliar: aparecem pequenos tubérculos isolados, disseminados pelo tecido renal.
Tuberculose nodular: grandes áreas apresentam necrose (morte celular), com formação local de substância caseosa, determinando o aparecimento de nódulos de grande tamanho.
Na evolução dessa forma da doença, a lesão estende-se do tecido renal para a periferia do rim, e deste para os cálices e pelve renais, que ficam repletos de restos caseosos. Essa forma geralmente inicia-se num dos pólos do rim.
Tuberculose renal cavitária: formações de cavernas tuberculosas, pela destruição do tecido renal.
Quando a caverna rompe-se para a pelve renal, possibilita a disseminação da doença para os ureteres e a bexiga.
A deformação das vias urinárias não é provocada pelas lesões tuberculosas ativas, aparecem no processo de cicatrização espontânea ou após a administração de medicamentos.
A deformação cicatricial provoca o aparecimento de zonas estreitadas (estenoses) nas vias urinárias. Esses estreitamentos são potencialmente perigosos porque podem bloquear por completo a passagem de urina, determinando profundas alterações dos rins, a até mesmo sua destruição. Essa é a forma mais grave da doença.
Sinais e sintomas
Doença de evolução lenta e silenciosa, na maioria dos casos, os sintomas só aparecem quando ocorre o comprometimento da bexiga.
Os bacilos que se encontram na pelve renal, passam também para a bexiga através dos ureteres. Os sintomas geralmente são parecidos com uma cistite.
período prodrômico:
disúria (micção dolorosa);
hematúria (micção com presença de sangue), em alguns casos;
polaciúria (vontade de urinar constantemente e em pequenas quantidades);
dor constante na região da bexiga.
período agudo:
dor lombar forte, devido a distenção da cápsula renal;
urgência urinária;
disúria extremamente dolorosa;
febre;
infecção urinária;
colicas nefréticas (cólicas renais).
Obs: Caso o paciente pare de urinar, é um sinal indicativo de estenose nas vias urinárias. O paciente deve ser internado imediatamente para avaliação diagnóstica.
Diagnóstico
Anamnese.
Exame físico.
Exame clínico.
Exames laboratoriais.
Exames de urina específicos.
Pesquisa do bacilo de Koch na urina: A cultura de urina no meio de Lowestein-Jensen é o exame mais importante para o diagnóstico positivo da doença.
Citoscopia: exame que consiste na visualização do interior da bexiga, esse exame permite evidenciar lesões tuberculosas localizadas na bexiga, também permitindo a realização de biópsia da mucosa da bexiga.
UGE - Urografia excretora: exame que consiste na introdução de substâncias radiopacas na circulação do paciente, seguida da realização de algumas chapas radiográficas a intervalos.
USG - Ultra-sonografia: mostra com mais detalhe a textura do parênquima renal, suas delimitações e relações, a presença de microcalcificações, além da existência ou não da estrutura quando há exclusão renal a urografia.
Exame de Pielografia ascendente: exame radiológico feito após a introdução de uma substância de contraste no interior do ureter, completa os dados fornecidos pela urografia.
TC - Tomografia computadorizada: detalha a composição estrutural dos órgãos, sendo de grande auxílio em algumas circunstâncias.
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial deve ser feito para que a Tuberculose renal não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante.
Através dos exames clínico, físico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças que podem ser confundidas com a Tuberculose renal são as seguintes:
Cálculo renal.
Cistite intersticial.
Neoplasia renal (câncer).
Neoplasias vesicais.
Neoplasia da prostáta.
Tratamento
Objetivo: Erradicar o organismo agressor.
Existe tratamento medicamentoso específico para essa patologia, enquanto as lesões não evoluíram para a forma grave.
Quando as lesões já evoluíram para a forma grave de apresentação da doença, o tratamento é sintomático conforme os sintomas apresentados e suas intercorrências.
Administração de drogas antituberculosas podem ser usadas quando as lesões forem localizadas e de pequenas dimensões.
Tratamento cirúrgico é indicado quando as lesões evoluem para as formas graves, destruindo áreas maiores de tecido renal ou deformações extensas das vias urinárias.
Nefrectomia (retirada cirúrgica do rim): cirurgia indicada quando ocorre graves alterações na função do rim, devido à destruição em grande área do rim, resultantes das lesões cavitárias de grande extensão.
Dieta nutritiva.
Evitar esforços excessivos.
Repouso se necessário.
Deve-se promover um bom estado geral de saúde no paciente, pois a tuberculose renal constitui uma manifestação de uma doença sistêmica.
Fonte: MC Correia Online
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